The End
“A Guerra das Rosas”[1]
Como almeirinense, sigo com alguma atenção o que se passa na vida política local, nomeadamente os acontecimentos dentro do executivo camarário e o que vem a público sobre a vida interna dos partidos.
Em Fevereiro deste ano escrevi no meu blogue (http://pensaralmeirim.blogspot.com/) que “de todos os mandatos autárquicos do actual presidente de Câmara, este que actualmente desempenha (2005-2009) está a ser o pior de todos. Nem mesmo primeiro (em que estava em minoria) conseguiu ser tão desastroso”. De lá para cá já se passaram quase oito meses e a situação tende a agravar-se. Não bastava uma oposição externa, bem mais aguerrida e responsável, tem agora que debater-se com a oposição dentro do seu próprio partido. Vinte anos de poder criam bastantes anti-corpos e, muitos dos seus camaradas acham que está na altura de passar o testemunho. Sobre isto, o presidente da Câmara, que se desdobrou-se numa série de entrevistas a órgãos de comunicação social, deu a entender que em 2009 não se voltará a candidatar para mais um mandato, “pelo menos por minha iniciativa”, deixando a porta entre-aberta para uma mais que provável recandidatura. Se assim não fosse, porque razão têm vindo a ser publicada(s) carta(s) a elogiar o seu desempenho? No entanto, essa(s) carta(s) contribuíram para agravar o mal-estar já existente nas hostes socialistas.
Penso, pois, que em 2009, vamos ter mais do mesmo. Sousa Gomes será, de novo, candidato. Espero, no entanto, que as batalhas que se travarão nesta “Guerra das Rosas” o sejam bem longe dos locais onde se exerce a política autárquica. Que sejam travadas nas sedes partidárias, em almoços ou jantares, de solidariedade ou conspirativos, em casa dum ou no sótão do outro. Menos no edifício dos Paços do Concelho. E espero também, assim como todos os almeirinenses, que a instabilidade que se tem vivido nestes últimos tempos no Partido Socialista local não se repercuta no trabalho autárquico, para o qual todos foram eleitos.
“Vou andar por aí”
Quis o destino que este artigo, apesar de ter sido escrito para figurar na edição de 1 de Outubro, faça parte da edição em que “O Almeirinense” comemora 52 anos de existência. À direcção, administração e, particularmente, à redacção, os meus sinceros votos de parabéns e uma palavra de incentivo para estes próximos tempos, que se advinham de grande dificuldade para os órgãos de comunicação social que, como “O Almeirinense” são propriedade de instituições particulares de solidariedade social.
Ao longo de mais de quatro anos tenho colaborado com “O Almeirinense” com a publicação de artigos de opinião, a maioria deles relacionados com o nosso concelho. Neles é notório a crítica àquilo que considerei (e considero) estar mal em Almeirim. Por isso, em Outubro de 2004, quando me tornei Presidente da concelhia de Almeirim do Partido Social Democrata, fiz ver à redacção deste jornal que não me sentia à vontade para continuar a criticar os agentes políticos tendo eu, também, responsabilidades políticas. Não pretendia, tal como não pretendo agora, que se afirmasse que “O Almeirinense” era usado por mim como uma arma contra aqueles que critico. Mas, perante a insistência para continuar, tentei ser um pouco mais comedido nas palavras, diversificando os assuntos para temas mais gerais, que não restringissem aos assuntos locais. Impossível!!! O facto de estar ligado à política local leva-me, sempre, à tentação de “Pensar Almeirim”…
Por isso, e depois de algum tempo ausente, voltei apenas para dizer que este será o último “Pensar Almeirim”. Há cerca de um ano que esta ideia me assolava, vindo a ser adiada desde então.
Não tomei esta decisão de ânimo leve. Mas faço-o porque, como em tudo na vida tem um princípio, meio e fim, acho que chegou a altura de terminar. Não porque deixei de ser crítico em relação aos decisores locais. Não. Continuarei a sê-lo e continuarei a expressar as minhas críticas, se bem que doutras formas e em outros locais que não aqui. E devo, também, acrescentar, para tranquilizar algumas pessoas atormentadas com o regresso ao passado, que esta decisão apenas a mim diz respeito e a mais ninguém.
Quero agradecer à redacção de “O Almeirinense” pelo facto de ter permitido a publicação dos meus escritos, que na sua grande maioria foram redigidos em cima do prazo limite para o fecho da edição. Agradeço, também, aos leitores porque foi para eles que eu, ao longo deste tempo escrevi, procurando levar a eles outros pontos de vistas sobre o nosso concelho. Mesmo àqueles que ao lerem o “Pensar Almeirim” possam ter sentido alguma azia. E, ainda, a todos os que me pediram para escrever sobre determinados temas. Infelizmente, não consegui chegar a todos.
Um político nosso conhecido disse: “Não me despeço. Não vou estar por aqui, mas vou andar por aí”.
Até um dia destes!!!
[1] A Guerra das Rosas ou Guerra das Duas Rosas foi uma série de longas e intermitentes lutas dinásticas pelo trono da Inglaterra, ocorridas ao longo de trinta anos de batalhas esporádicas (1455 e 1485), durante os reinados de Henrique VI, Eduardo IV e Ricardo III.